'Me enforcou e só parou quando minha filha gritou', diz mulher que tem medida protetiva contra o ex
20/04/2025
(Foto: Reprodução) Pedidos de proteção cresceram entre 2020 e 2024 em cidades do interior de SP. Em Araraquara, por exemplo, alta foi 111,83%; veja como denunciar. Número de medidas protetivas para mulheres cresce na região
"Ele me deu um golpe no sofá e me enforcou. Eu não consegui levantar. Primeiramente, eu achei que ele fosse me matar, né? Porque ele sabia que estava perdendo o ar e ele não parou. E aí ele só parou quando a nossa filha gritou. Eu achei mesmo que não ia sobreviver".
O relato acima é de uma mulher do interior de São Paulo que sofreu violência doméstica e decidiu pedir uma medida protetiva contra o ex.
Esse tipo de pedido de proteção cresceu em São Carlos, Araraquara, Rio Claro, Araras e Leme entre 2020 e 2024, segundo o Conselho Nacional de Justiça.
Veja os dados:
Rio Claro: aumentou de 597 para 910 pedidos - alta de 52,42%
Araras: aumentou de 193 para 315 - alta de 63,21%
Leme: aumentou de 213 para 408 - alta de 91,54%
São Carlos: aumentou de 1.460 para 2.811 - alta de 92,53%
Araraquara: aumento de 752 para 1.593 - alta de 111,83%
Agressão e ameaças
Mulher denuncia ameaças e agressões do companheiro
Reprodução/EPTV
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, a mulher relatou que suportou por muitos anos o marido chegar em casa embrigado e a acordar de madrugada. "Ele pegou meu celular um dia do nada, meu celular tava carregando e falou que era para eu ligar, que ele queria ver o que tinha nele. Eu abri e não tinha nada. Mesmo assim ele continua nervoso. Falou que se tivesse alguma coisa no celular, ele não ia se responsabilizar, que era para eu continuar desse jeito", lembrou.
Após a agressão que quase a matou, ela decidiu tomar uma atitude. "Meu pai nunca relou a mão em mim. Então ele não tem esse direito. Foi onde eu fui atrás dos meus direitos, atrás do advogado e foi onde eu fiz a separação", afirmou.
Depois de ameaças e perseguição, ela entrou com o pedido de medida protetiva.
Como fazer o pedido de medida protetiva?
A advogada Carla Missurino fala sobre medidas protetivas contra agressores
Reprodução/EPTV
O pedido é feito na delegacia de forma muito simples, e a mulher não precisa estar acompanhada. É só dizer que foi vítima de violência e que quer a medida para que o agressor não chegue mais perto. A protetiva é gratuita e sai em 24 horas.
"A [Lei] Maria da Penha prevê os crimes de violência contra a mulher física, né, que são as agressões que acabam muitas vezes elevando ao feminicídio já. A violência psicológica, que ele vai minando a mulher, vai destruindo o psicológico dessa mulher. Não pode fazer isso, não pode sair, não [pode usar] essa roupa. Ela vai se diminuindo, e aí acaba gerando depressão e outras coisas", explicou a advogada Carla Missurino.
O agressor é preso se passar do limite estabelecido que geralmente é de 100 metros, mas isso não pune pela violência que aconteceu antes. Além da medida protetiva, é importante a mulher dizer na delegacia que quer representar criminalmente.
"Aí a medida protetiva fica válida, não perde a eficácia, ela vai te proteger da não aproximação dele e a representação vira um processo penal, onde o Ministério Público oferecerá uma denúncia contra ele e aí ele vai ser julgado pelo juiz pelo pelos crimes que ele cometeu e não ter mais a impunidade disso", afirmou a advogada.
"Nós temos 13 mulheres mortas por dia no Brasil de feminicídio por ser mulher, por gênero. Um vizinho, um amigo que sabe, denuncie, ajude a mulher, você pode salvar uma outra mulher".
"O agressor ele tem uma característica e dificilmente ele vai se recuperar e é muito difícil porque tá no caráter dele, você tem que ver e sair logo disso. Amanhã ele pode matar a gente, né?", disse a advogada.
Feminicídios e como denunciar
Somente na região nesse ano, cinco mulheres foram mortas por companheiros ou ex, em casos registrados como feminicídios. Outras nove foram feridas em tentativas de assassinato.
A denúncia pode ser feita de forma anônima pelo Disque Denúncia no 180 ou pelo 190 da Polícia Militar.
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